Miguel Assirio Escritor

A paisagem do mundo é um enigma indecifrável, é um segredo não revelado, é um veneno adocicado que lhe conquista com uma promessa improvável. O mundo por sua vez é como um grande cenário a espera de seus atores, homens cegamente seduzidos pelas ilusões desse mundo invisível. Assim, nós meros peões de tal mundo vivemos como os prisioneiros do palácio de lótus, cegados por um desejo abstrato somos levados a caminhar sem questionar mesmo sabendo que além da neblina existe um precipício. A teia que nos envolve é como um pêndulo de hipnose, como uma silenciosa anestesia que nos ínsita a dormir ou até mesmo como uma intensa dose de heroína que da mesma forma que nos transforma em super-heróis nos condenam a caminhar como vermes desgraçados. Portanto, és o maior talento e ao mesmo tempo o mais cruel sarcasmos de uma vida, pois como um obelisco o que nos cega os olhos é a própria carência do olhar.

Será por medo que não nasce de novo Será por medo de tudo e de todos Que se encolhe em teu sono e não me deixa dormir Que se tranca em um quarto e não me deixa abrir Não se perca nas ilusões dos pensamentos Não tome gosto pela dor dos sofrimentos Não me julgues por contos insanos Pelas poucas verdades e muitos enganos Pois tudo que sei é amar Meu maior pecado é querer Não me beije tentando acabar Pois se acabar eu não mais vou viver Teu silencio me quebra o corpo A sua ausência me mata a alma Muitos juram que por tanto sou louco Mas não me deixe navegar sem sua...